terça-feira, 20 de abril de 2010

Pessoas ainda têm medo de se submeter à cirurgia de catarata, mostra pesquisa


Uma pesquisa realizada em São Paulo por grupo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) mostra que muita gente ainda tem medo de ser submetida à cirurgia de catarata, um procedimento seguro e eficaz, segundo os médicos.

O estudo avaliou um total de 3.768 pessoas com 50 anos ou mais, selecionados aleatoriamente. Desse universo, 218 pacientes (5,93%) receberam indicação de cirurgia. Após dois anos, os pesquisadores conseguiram retomar o contato com 167 deles, dos quais apenas 55 (32,9%) tinham efetivamente sido operados, apesar de a cirurgia ser gratuita, em hospital próximo de casa e sem fila.

Segundo a oftalmologista Marcia Higashi, o principal motivo citado pelos pacientes foi a incidência de doenças que contraindicavam o procedimento, como cardiopatias e diabetes. Mas, em segundo lugar, foi mencionado o medo da cirurgia e de perder a visão.

A médica acredita que o receio de operar a catarata se deve à falta de informação, já que se trata de um procedimento seguro e com bons resultados. A operação dura em torno de 20 a 30 minutos.

Na maioria dos casos a anestesia é local (ocular) e, enquanto está sob o efeito do anestésico, o paciente não enxerga. Conforme a anestesia passa, a visão e os movimentos oculares retornam. O pós-operatório é feito com colírios e em quatro dias a visão melhora bastante, mas é recomendável que o paciente fique de repouso na primeira semana.

"Como todo procedimento, podem ocorrer complicações como rotura de cápsula, problemas de córnea, hemorragias, aumento da pressão ocular", descreve a médica. Porém, os riscos são considerados pequenos quando comparados ao benefício de recuperar a visão. "Os agentes de saúde precisam ser instruídos para educar a população para procurar serviços de Oftalmologia para identificar a causa de baixa de visão e seu tratamento", opina Higashi.



Fonte: UOL Ciência e Saúde, 16/3/2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Doenças Sistêmicas Comprometem a Visão


Estudo mostra que só 36% dos idosos passam por exame de vista anualmente e 57,64% têm doenças sistêmicas que podem comprometer a visão

O envelhecimento da população associado às alterações cardíacas, reumatismo e outras doenças auto-imunes pode contribuir com o maior comprometimento da visão de 57.86% dos idosos. Este é o resultado de um estudo realizado com 223 pacientes na faixa etária de 53 a 78 anos pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier.
O problema é que dos pacientes estudados, só 36% passam por exame de vista anualmente. A falta de acompanhamento médico facilita o avanço dos vícios de refração, catarata, glaucoma e doenças na retina que poderiam ser controlados para garantir a qualidade de vida.(...)


RETINA É A MAIS AFETADA

O estudo realizado por Queiroz Neto aponta que no Brasil 32% dos idosos têm alterações cardíacas (hipertensão arterial e arritmia), 18,64% reumatismo (artrite e artrose) e 7% outras doenças auto-imunes que exigem o uso prolongado de corticóide. Significa que entre idosos a retina é a parte do olho mais exposta às alterações causadas pelo tratamento das doenças sistêmicas, comenta o especialista. Isso porque, a droga mais utilizada para alterações cardíacas é a Amiodarona que pode causar neuropatia óptica. Trata-se de um edema no nervo óptico que leva 2% dos pacientes à visão subnormal ou cegueira se não forem realizados exames de fundo de olho regularmente. O médico explica que a neuropatia óptica geralmente surge após meses de tratamento com Amiodarona, em 90% dos casos atinge apenas um olho e entre 15% e 40% o segundo olho. A doença, observa, pode ser prevenida com a troca de medicamento e uso de aspirina para afinar o sangue uma vez que o edema é provocado pela insuficiência de irrigação sanguínea. Ele ressalta que como não existe terapia efetiva para reverter os danos oculares já instalados o acompanhamento do oftalmologista é essencial.

Já o uso de Difosfato de Cloroquina para tratar doenças reumáticas pode causar cegueira irreversível decorrente de degeneração macular, parte central da retina responsável pela visão de detalhes. Queiroz Neto afirma que a perda progressiva da visão ocorre inclusive depois de anos que o tratamento foi interrompido. Não existe terapia totalmente eficaz no combate aos efeitos da droga, mas aplicações de laser no estágio inicial podem interromper a progressão. Além disso, a dosagem de 200 mg de Difosfato de Cloroquina é relativamente segura, comenta. Em estágio inicial a degeneração macular não apresenta sintomas. Eles só começam a aparecer na fase intermediária, quando a visão fica embaçada no centro da imagem e as linhas retas se tornam sinuosas. Por isso, afirma, um teste simples que pode ser feito em casa é fixar a moldura de um quadro ou o batente de uma porta. Se as bordas apresentarem irregularidade sinaliza necessidade de avaliação médica.

TRATAMENTO DE DOENÇAS REUMÁTICAS PODE CAUSAR CATARATA E GLAUCOMA

O uso prolongado de corticóide para tratamento de doenças reumáticas, artrite e artrose, citadas por 7% dos pacientes, provoca catarata e glaucoma, ressalta Queiroz Neto. A catarata, opacificação do cristalino que é apontada como a maior causa de cegueira tratável só pode ser eliminada através de procedimento cirúrgico. Apesar dos avanços da cirurgia 25% dos maiores de 75 anos que participaram do estudo já chegaram cegos ao consultório por falta de informação e medo da cirurgia. O médico diz que o procedimento é rápido, seguro e quanto mais é adiado, maiores são os riscos de complicações. Já o glaucoma, redução do campo visual, é uma doença irreversível que exige o uso contínuo de colírio para evitar a perda da visão. Independente das condições de saúde, ressalta, a partir dos 50 anos de idade toda pessoa deve fazer um exame de vista anual. As alterações oculares ocorrem gradativamente e por isso só são percebidas quando atingem estágios avançados que em muitos casos não têm solução médica, conclui.



Autor: Eutrópia Turazzi
Fonte: LDC Comunicação