Traumas oculares cegam até 2 milhões por ano
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que, a cada ano, entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas ficam cegas no mundo em consequência de danos causados por traumas oculares. Acidentes como o sofrido, no final de abril, pelo jogador Neymar, do Santos Futebol Clube, são os mais frequentes e podem trazer sérios prejuízos à visão se não tratados em tempo. "O trauma que resulta de uma contusão, uma batida ou uma colisão contra o olho é o mais comum e pode gerar desde um simples arranhão na córnea até um descolamento de retina, o desencadeamento de uma catarata precoce ou glaucoma, dependendo da gravidade", avalia o especialista em retina do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), o oftalmologista Sérgio Kniggendorf.
O acidente ocorrido com o jogador do Santos serve de alerta para que vítimas de traumas oculares, em qualquer idade e circunstância, não deixem de avaliar as consequências rapidamente. O jogador teve uma hemorragia no olho direito, em razão de colisão com o zagueiro Toninho, do time Santo André, e teve sua própria mão atingindo o olho em alta velocidade. São acidentes que podem ocorrer nas escolas, nas academias em brincadeiras infantis, nas atividades rotineiras.
O oftalmologista do HOB explica que há diferentes tipos de traumas oculares. Além do contuso, há o perfurante que, ao que o nome remete, consiste no corte ou perfuração do globo ocular por algum corpo estranho. "Acidentes envolvendo metais que chegam a perfurar e se instalar na estrutura ocular são perigosíssimos, podem levar a perda total da visão em questão de dias", adverte.
Sequelas - Os danos causados aos olhos por traumas contusos variam de acordo com a gravidade e a intensidade da colisão que o provocou. Kniggendorf explica que "se o resultado da contusão for apenas um arranhão no epitélio (fina camada de pele que envolve a córnea), o paciente pode apresentar o quadro de dor e embaçamento da visão, que melhoram em até dois dias. Também há situações nas quais os pacientes apresentam o quadro de hemorragia, mas melhoram em até três dias".
Nos casos mais graves, o paciente corre o risco de desenvolver uma catarata precoce ou até o descolamento de retina. A retina é a região ocular responsável pela formação das imagens capturadas pelo olho, bem como pela transmissão dessas informações para o cérebro. A retina fica na parte de trás do globo ocular e, quando o trauma incidente ao olho é muito intenso, pode gerar o descolamento. Este quadro é considerado de urgência oftalmológica e assim que apontado o diagnóstico, o paciente deve passar por cirurgia, uma vez que pode acontecer a morte da retina e, consequentemente, a perda da visão, alerta Kniggendorf.
Crianças - O especialista do HOB observa que crianças, costumam omitir dos pais os traumas oculares frutos de briga, quedas ou contusões, por medo e, com este comportamento, põem em risco a saúde ocular. Ele conta que com frequência, pais trazem crianças ao hospital com quadro de trauma ocular de evolução tardia. "Se, por exemplo, um objeto metálico perfura o olho e deixa resquícios, o paciente pode sofrer uma atrofia total do globo ocular, resultado da oxidação do metal, e ser necessário retirar o olho", relata. Para evitar esse desfecho radical, Kniggendorf sugere que pais fiquem atentos ao comportamento e às lesões que por ventura surjam nas crianças.
Cuidados - Além da observação frequente no caso das crianças, é imprescindível o acompanhamento médico periódico dos pacientes que já sofreram traumas oculares, mesmo leves. O objetivo é a prevenção de quadros mais sérios como o aparecimento do glaucoma. "Quando um indivíduo sofre um acidente, com trauma ocular, a relação entre os fluídos produzidos pelo olho é alterada. Se há um aumento na produção e uma dificuldade no escoamento desses fluídos, a pressão intra-ocular aumenta, e há possibilidade de desenvolver glaucoma", explica o oftalmologista.
É imprescindível que o paciente traumatizado seja acompanhado por um oftalmologista que deverá monitorar a pressão do olho agredido e prescrever medicação para gerenciar os níveis da pressão quando necessário, orienta.
Autor: Imprensa
Fonte: atf comunicação empresarial